Puisias & Afins

02 enero, 2007

Embriague-se

Embriague-se, embriague-se sempre
A embriaguez é tudo, é a única questão.
Para não sentir o fardo horrível do Tempo
Que quebra os teus ombros e te dobra no chão
Embriague-se sem tréguas.

E quando você estiver subindo os degraus de um palácio
Ou se arrastando na adversidade de um pântano
Ou quando você despertar na solidão melancólica do seu quarto
E a embriaguez já estiver desaparecendo, ou se tiver desaparecido
Pergunte ao vento, ao pássaro, à estrela e à nuvem que horas são
Pergunte a tudo que passa, a tudo que canta, a tudo que é leve, a tudo que dança, que horas são
E o pássaro, o vento, a estrela e a nuvem responderão:
É hora de você se embriagar.
Para não ser o escravo martirizado do Tempo, embriague-se sempre
De poesia, de vinho ou de virtudes, à sua escolha.

Enivrez-Vous, Charles Baudelaire