Puisias & Afins

22 enero, 2007

Balada do inimigo

Quem é você
Quem é você
Nas minhas mãos
Nas minhas mãos vazias
Você assim tão impossível
Em vão
E o impossível
É uma droga poderosa para nós,
Reféns do que virá

Quem é você
Quem é você
Embalsamando ameaças
Numa fileira de santos
Que nenhuma beleza ilumina
E o impossível é uma droga perigosa o bastante
Para se inventar a fé
Para se acreditar na fé
Em alguma salvação

E eu deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Um cobertor

Talvez algumas lágrimas
Nos tornem um pouco mais inchados e vazios
É rapá...
Não há estilo sem fracasso
Talvez alguns sorrisos nos deixem um pouco mais silvio santos das nossas torturas
Pois a salvação floresce feliz como um escárnio
Lá onde os deuses não morrem nunca
Mas são recauchutados debaixo de nossas almas
Numa salvação que só interessa aos assassinos e aos santos
Numa salvação triste como qualquer céu
Como num domingo
Como num suicídio
Como num êxtase
Que se desaprende

Eu deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Um cobertor
Deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Uma declaração de amor

Lobão

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Leais Inimigos

Os inimigos dizem pela frente
O que os amigos falam pelas costas

O amigo rouba tua mulher
O inimigo come ela e te conta
O amigo não te paga as dívidas
O inimigo nem pede emprestado
O amigo te vende amizade
O inimigo te cobra mais caro

O amigo acende as velas do teu bolo de aniversário
O inimigo apagará as velas da sala do teu velório
E depois vai cuspir na sua cova
O amigo nem vai no seu enterro
Porque esse amigo é simpático e falso
Mas o inimigo será sempre o seu leal inimigo

Moska

3:02 p. m.  

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