Raspa do Tacho
Olhando bem de frente minha vida
Percebo que a idade não me afeta
Pois se Einstein provou ser relativa
A porta do futuro me é aberta
O passado só dói quando é lembrado
O presente só é bom se vivido
Com a fome de quem come calado
Com a sede de quem bebe comigo
Minha avó, eu bem sei, contava histórias.
Meu avô, como dizem, foi bem sério
Minha mãe reza terços e novenas
O meu pai será sempre um mistério
Entre o céu e o inferno faço versos
Canto o mundo que está sendo escrito
Como folhas de um jornal semi-aberto
Como páginas de um livro mal lido
Mário Quintana disse em poesia
Que a vida é uma hospedaria incerta
De onde partimos às tontas um dia
E nossas contas nunca estão bem certas
Dou às costas pra neoliberalismos
Internacionalizo o que nem não prezo
Separando política e banditismo
Desprezo quase todos do congresso
Mas basta de castigos a galope.
O meu mote não faz nenhum sentido
Mesmo que ainda esteja muito vivo
O meu copo tá cheio até o pote
Enquanto os homens pesam suas guerras
Vou levando a vida como der
Ao bel prazer do mundo e a sua sorte
Vou dizendo: Prazer, Marcos André
Marcos André
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