Puisias & Afins

25 febrero, 2008

QUARENTA ANOS

A vida é para mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em se sofrendo

Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
Disso, persisto em me enganar... eu ouso
Dizer que a vida foi o bem precioso
Que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo.

Seria, agora que a velhice avança,
Que me sinto completo e além da sorte
Me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança
Oh sono, vem! Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano que amei a vida.

Mario de Andrade