Puisias & Afins

30 enero, 2007

Frases/ 1

“Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher.”
Fernando Sabino

“Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você.”
Kim Hubbard

“Culpa é o preço que pagamos de bom grado para fazer o que iríamos fazer de qualquer jeito.” Isabelle Holland

“Tu, piniquim. Eu, ropeu.”
Luís Fernando Veríssimo

“Este é um país em que as prostitutas gozam, os traficantes cheiram e em que um carro usado vale mais que um carro novo. É ou não é um país de cabeça para baixo?”
Tom Jobim

“Detesto as vítimas que respeitam seus carrascos”
Jean-Paul Sartre

“A televisão matou a janela”
Nelson Rodrigues

"Se você juntar miséria e catolicismo, só pode dar basteira."
Ivan Lessa

23 enero, 2007

50 anos

Eu vim aqui prestar contas
De poucos acertos, de erros sem fim
Eu tropecei tanto às tontas
Que acabei chegando ao fundo de mim

O filme da vida não quer despedida
E me indica, acha, a saída e pede socorro
Onde a lua encanta o alto do morro
e gane que nem cachorro
Correndo atrás do momento que foi vivido

Venha de onde vier
Ninguém lembra porque quer
Eu beijo na boca de hoje
As lágrimas de outra mulher

Cinqüenta anos são bodas de sangue
Casei com a inconstância e o prazer
Perdôo a todos não peço desculpas
Foi isso que eu quis viver

Acolho o futuro de braços abertos
Citando Cartola eu fiz o que pude
Aos cinqüenta anos insisto na juventude.

Aldir Blanc

22 enero, 2007

Balada do inimigo

Quem é você
Quem é você
Nas minhas mãos
Nas minhas mãos vazias
Você assim tão impossível
Em vão
E o impossível
É uma droga poderosa para nós,
Reféns do que virá

Quem é você
Quem é você
Embalsamando ameaças
Numa fileira de santos
Que nenhuma beleza ilumina
E o impossível é uma droga perigosa o bastante
Para se inventar a fé
Para se acreditar na fé
Em alguma salvação

E eu deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Um cobertor

Talvez algumas lágrimas
Nos tornem um pouco mais inchados e vazios
É rapá...
Não há estilo sem fracasso
Talvez alguns sorrisos nos deixem um pouco mais silvio santos das nossas torturas
Pois a salvação floresce feliz como um escárnio
Lá onde os deuses não morrem nunca
Mas são recauchutados debaixo de nossas almas
Numa salvação que só interessa aos assassinos e aos santos
Numa salvação triste como qualquer céu
Como num domingo
Como num suicídio
Como num êxtase
Que se desaprende

Eu deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Um cobertor
Deslizo pro fundo de um quarto escuro
Já não sei mais aonde estou
Pra mim o mundo é só mais um quarto escuro
E a devastação da vida
Uma declaração de amor

Lobão

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenata,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

11 enero, 2007

A televisão/5

Nos verões, a televisão uruguaia dedica longos programas a Punta del Este.
Mais interessadas nas coisas do que nas pessoas, as câmeras chegam ao êxtase quando exibem as casas dos ricos que estão de férias. Estas mansões ostentosas se parecem aos mausoléus de mármore e bronze no cemitério de La Recoleta, em Buenos Aires, que é a Punta del Este do depois.
Pela tela desfilam os eleitos e seus símbolos de poder. O sistema, que edifica a pirâmide social escolhendo pelo avesso, recompensa pouca gente. Eis aqui os premiados: são os usuários de boas unhas e os mercadores de dentes bons, os políticos de nariz crescente e os doutores de costas de borracha.
A televisão se propõe a adular os que mandam no Rio da Prata, mas sem querer cumpre uma função educativa exemplar: nos mostra os picos culminantes e neles dilata a breguice e o mau gosto dos triunfantes caçadores de dinheiro.
Debaixo da aparente estupidez, existe a estupidez verdadeira.

Eduardo Galeano- "O Livro dos Abraços"

04 enero, 2007

Pequeno Poema Didático

PEQUENO POEMA DIDÁTICO

O tempo é indivisível. Dize
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa.

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!

Mario Quintana

02 enero, 2007

Janela sobre as proibições

Na parede de um botequim de Madri, há um cartaz que diz: Proibido Cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro: Proibido brincar com os carrinhos porta bagagens.
Ou seja: Ainda há gente que canta, ainda há gente que brinca.

Eduardo Galeano - As Palavras Andantes.

Embriague-se

Embriague-se, embriague-se sempre
A embriaguez é tudo, é a única questão.
Para não sentir o fardo horrível do Tempo
Que quebra os teus ombros e te dobra no chão
Embriague-se sem tréguas.

E quando você estiver subindo os degraus de um palácio
Ou se arrastando na adversidade de um pântano
Ou quando você despertar na solidão melancólica do seu quarto
E a embriaguez já estiver desaparecendo, ou se tiver desaparecido
Pergunte ao vento, ao pássaro, à estrela e à nuvem que horas são
Pergunte a tudo que passa, a tudo que canta, a tudo que é leve, a tudo que dança, que horas são
E o pássaro, o vento, a estrela e a nuvem responderão:
É hora de você se embriagar.
Para não ser o escravo martirizado do Tempo, embriague-se sempre
De poesia, de vinho ou de virtudes, à sua escolha.

Enivrez-Vous, Charles Baudelaire

Bienvenidos!

Este espaço dedica-se à divulgação de textos, sob qualquer formato, que possam vir a interessar, entreter, aborrecer, alegrar, incomodar ou causar qualquer tipo de reação em seus possíveis leitores.
Na verdade, está sendo construído para minha satisfação pessoal. Não há nenhum tipo de imparcialidade. As poesias, frases, crônicas e afins que por ventura venham aparecer aqui me agradam de alguma forma, e por isso, e somente por isso, estarão aqui. Comentários ou sugestões a respeito dos textos são bem vindos, mas que fique bem claro: isto não é uma democracia!
Bienvenidos todos!